2022-04-01
Iniciativa "Desenvolvimento Local em Portugal - Uma História Contada na Primeira Pessoa"
Testemunho de António Pombinho, ADREPES/A2S/Junta de Freguesia de Loures
Desenvolvimento Local
Todo o meu percurso de vida, pessoal, profissional, social está ligado ao que se podechamar “desenvolvimento local”.
Em Loures, território periurbano em que a afirmação de ser “saloio”, agora assumida, era, nos anos 70 da minha adolescência, uma questão que devia ser envergonhadamente escondida, face ao estigma que carregava.
No movimento cooperativo, nos anos 80, em que a assunção por parte dos trabalhadores, dos consumidores, dos agricultores, da responsabilidade de tomar nas suas mãos os seus destinos e encontrar solução para o seu problema era vital. Simultaneamente, surgia a necessidade de ter animadores no território que fossem facilitadores do processo. “Agentes de Desenvolvimento Local” nos chamávamos.
Ainda nos anos 80, e antes da Comissão Europeia ter decidido avançar com a Iniciativa Comunitária “LEADER”, já tínhamos, no âmbito da preparação do Congresso da Confederação Cooperativa Portuguesa, lançado um conjunto de encontros regionais de agentes territoriais, cooperativas, associações, municípios, dos quais saíram conclusões que apontavam para a necessidade de trabalho conjunto,integrado de desenvolvimento local e regional.
Desde o início dos anos 90, ligado ao trabalho em municípios, tive a oportunidade de participar na criação e desenvolvimento de associações de desenvolvimento local, na Península de Setúbal e na região Saloia. Continuei, depois, com responsabilidades no movimento nacional e na sua Federação.
Neste momento, ainda sob a égide da recente celebração dos 30 anos do “Leader”, talvez o meu contributo possa ser o testemunho do desenvolvimento de um projeto que foi e é facilmente aceite como um projeto paradigmático deste processo de desenvolvimento territorial, o “Prove”.
Nas áreas periurbanas, a forma de promover uma relação mais direta entre os produtores e as centenas de milhares de consumidores que estão tão próximos foi tendo uma importância tanto maior, quanto a dependência de uns e outros das grandes cadeias de distribuição era cada vez mais “sufocante”.
Na Península de Setúbal, a Adrepes tinha um projeto de cooperação com a Região de Le Mans em curso. Este foi tema do projeto e permitiu um trabalho sistemático de procura de soluções adaptadas às condições, expetativas e necessidades de produtores e consumidores. Foi assim, possível, definir e implementar um projeto que garante o escoamento da produção local em melhores condições, que garante o acesso dos consumidores a produtos locais de qualidade, que garante uma muito grande redução da operação logística (sustentabilidade, em suma, chamamos-lhe agora).
Mas uma grande mais valia deste projeto é que a plataforma eletrónica que permite gerir as encomendas é fácil e está nas mãos dos produtores.
Este projeto, tão simples (os melhores projetos são simples) teve de vencer rotinas, desconfianças, dificuldades diversas. Este projeto, tão simples, não seria possível sem a existência de facilitadores, de verdadeiros “agentes de desenvolvimento”, que acreditaram nele e o tornaram realidade.
Temos, agora, muitos desafios a enfrentar, muitas batalhas a travar, para tentar garantir que no próximo período de programação teremos melhores condições para contribuir para o desenvolvimento dos nossos territórios.
Temos outro desafio, porventura mais difícil, o de rejuvenescer, de ligar, ainda mais, as ADL – Associações de Desenvolvimento Local ao seu território e respetivos agentes, de sermos, ainda mais, verdadeiros agentes de desenvolvimento, concretizando as estratégias aprovadas pelas nossas parcerias.
Não podemos, não temos o direito de nos deixar vencer pelo cansaço do combatediário contra um sistema que nos dificulta, nos tolhe, nos exaspera, perante a teia burocrática e a rede de burocratas que temos de enfrentar.
Uma palavra final de reconhecimento e apreço por todos aqueles que, no decurso da minha participação neste movimento, pude conhecer e com quem pude trabalhar.
Obrigado Natália, Cláudia, Glória, Duarte, Zé Diogo. Obrigado Rute, Clarisse, Zé Diogo. Muito obrigado Manuela Sampaio e Márcia Mendes.
Terra Viva 2019A 3.ª edição do programa Terra Viva da Antena da TSF deu voz e ouvidos a 54 promotores e promotoras de projetos, beneficiários da Medida LEADER do PDR2020 através dos Grupos de Ação Local do Continente, entre os dias 3 de junho e 9 de julho de 2019. |
ELARD
A ELARD, constituída por redes nacionais de desenvolvimento rural, congrega Grupos de Ação Local gestores do LEADER/DLBC de 26 países europeus. A MINHA TERRA foi presidente da ELARD no biénio 2018-2019. |
54 Projetos LEADER 2014-2020 Repertório de projetos relevantes e replicáveis apoiados no âmbito da Medida 10 LEADER do Programa de Desenvolvimento Rural 2020 elaborado pela Federação Minha Terra. |
Cooperação LEADEREdição da Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural e Federação Minha Terra, publicada no âmbito do projeto “Territórios em Rede II”, com o apoio do Programa para a Rede Rural Nacional. |
O livro “Receitas e Sabores dos Territórios Rurais”, editado pela Federação Minha Terra, compila e ilustra 245 receitas da gastronomia local de 40 territórios rurais, do Entre Douro e Minho ao Algarve.
[ETAPA RACIONAL ER4WST V:MINHATERRA.PT.5]